Eu era o tipo de pessoa que ria de tudo, que não pensava no amanhã, não se importava com consequências, que encostava em algo e saia do chão, chegava as nuvens, flutuando, sonhando. Mesmo caminhando em caminhos errados, eu ainda tirava um sarro disso tudo.
Eu era.
Hoje não mais.
Eu carregava tudo nos braços, e por incrível que pareça, não sentia o peso. Eu via felicidade em tudo, e sorria pra todos. Eu não me importava com o que tinha passado e muito menos o que iria passar a partir dali.
Eu era como uma pena, que flutuava, genuinamente, passava pacientemente pelas coisas, porém muito rápida.
Eu costumava aproveitar a vida, os momentos, mesmo que fossem monótonos. Eu era alguém forte, com bondade, aliás, a bondade transbordava em mim. Eu não via mal nas pessoas, só havia em mim um otimismo sincero que me dava vontade de abraçar tudo e todos.
Foi então, que em algum momento, não me lembro qual, eu tropecei.
Claro que não era o primeiro tropeço, mas com certeza, era o mais dolorido, um tropeço que deixou cortes profundos, e percebi ali que eu era mesmo uma pena, mas não via o lado flutuante e sim o lado frágil. E percebi isso quando vi meus pedaços caídos ao chão.
Claramente eu não deixei de ser uma boa pessoa, a bondade é parte do meu ser. Eu juntei meus pedaços, me levante e continuei caminhando, mas eu sentia que algo tinha ficado lá no chão, e o meu mundo já não era mais tão colorido como antes.
Hoje quando me olho no espelho vejo que a felicidade não é mais tão aparente em mim, que os sorrisos não saem com tanta facilidade, aliás, a gente demora um certo tempo pra se recompor, pra alma rir, pra felicidade brotar.
Foi ai que eu percebi, que naquele tropeço, eu não me tornei mais fraca, muito menos mais leve, eu apenas amadureci e eu venho me adaptando a esse novo meio, entendendo que realmente não sou mais aquela alma jovem que pode flutuar sem medo de cair, a precaução é necessária, porque eu sei, hoje mais do que nunca, que as consequências existem.
E eu sei que o medo de sorrir é só uma fase. Mas a maturidade é permanente. O fato é, que por mais difícil que pareça, hoje eu enxergo a realidade e não adianta fingir ou negar.
Eu amadureci.
E é com isso que preciso me acostumar, com a certeza que sorrir é bom, mas caminhar no caminho certo, é melhor ainda.
Thaís Vasconcelos.

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