Morar junto é dividir as contas e as almas.

Eu sempre fui uma pessoa que toma decisões malucas, talvez essas sejam as que mais mudam minha vida. Já tomei decisão de sair da zona de conforto da casa dos meus pais, já decidi um curso universitário, já tirei da minha vida gente que não gostaria de tirar, mas que precisava, recebi criticas e mais criticas por isso, já tomei a decisão de olhar para aquele chefe que me maltratava e dizer adeus, mas dessa vez eu estava prestes a tomar uma decisão que mudaria meu futuro, morar junto com meu namorado. E tenho aprendido muito com isso. Muita gente vem me dizendo: - Mas por que não casam já?. Enfim.. Casar é diferente, ninguém sabe quando vai se casar, a não ser que tenha marcado a data. E infelizmente, quando alguém pergunta isso, sempre está perguntando sobre a cerimonia, vestido, véu, terno, arroz, festas caras, aquelas latinhas amarradas no carro, aquela típica festa que todos aproveitam, menos os noivos. O que ocorre é que ninguém compreende o outro "casar", aquele casar que não custa dinheiro, não precisa de testemunhas, não precisa de papeis, nem nada. Só precisa de força de vontade, amor, um teto, malas prontas, duas escovas de dentes e um potinho. E essa é uma decisão que acontece assim do nada, quando você ver, já fez, quando você amar, já "casou".

Morar junto é saber dividir tudo. Saber cobrar. Saber ceder. Saber doar. Morar junto é dividir as contas e as almas. Morar junto é ter um pilha de louça pra lavar, depois de um dia terrível de 10 horas de trabalho. E o outro cantar com você (em um karaokê com detergente) para que o trabalho se torne divertido. Morar junto é ter que assistir Homem Aranha no Telecine Action, e se esforçar para achar legal. Morar junto é tomar banho junto. Transformar o chuveiro em uma cachoeira. Morar junto é ouvir onde dói no outro. Do que ele sente medo. Onde ele é criança. O que o deixa frágil. Morar junto é poder chorar sem parar. E ser ouvida. E cuidada. Mas é também rir. E achar graça em alguma coisa, quando o outro está pra baixo. Morar junto é fazer contabilidade de frustrações, e saber quando não colocar na conta do outro. Morar junto é demorar para levantar. Morar junto não precisa de uma casa, e sim de um espaço. Casar não. Qualquer um casa. Pra casar basta assinatura e champanhe. Casar leva umas horas. Morar junto leva tempo. O tempo todo. Quando moramos juntos vemos o cabelo dele crescer e ela cortar uma franja. Quando moramos juntos viramos adultos aos pouquinhos, dando um adeus doído ao adolescente que éramos. Quando moramos junto mudamos junto. E o outro vira um outro diferente com os anos. E nós vamos aprendendo a amar aquela nova pessoa, todo dia. Até o dia que, talvez, deixemos de morar juntos. (Só depois da morte!)"
Morar junto é aturar o estresse um do outro, e ajudar o outro a sintonizar aquele canal na tv até a paciência acabar, morar junto é cumplicidade, o que move o "morar junto" não é o amor incondicional, nem o sexo incrível, nem a fofura ao telefone. O que move tudo isso é a vontade de chegar em casa e ver o outro, e querer que o outro seja a primeira pessoa a ouvir sobre seu dia, é estar morrendo de fome mas esperar o outro para comer. O que move isso são as pequenas coisas, um casal pode ter mil motivos para isso, mas o que mais fortalece, é a falta de motivo, por que morar junto? muitos se perguntam, mas os casais que sentem essa vontade de morar junto, alternam a perguntam e vão logo para o "por que não morar juntos?" e a resposta não existe. Isso é escolher ser feliz. Sem se preocupar com o que vão falar, não importa se namoram a meses, ou anos, o importante é realizar vontades, e se vocês querem ser felizes, isso que é realmente essencial.

Thaís Vasconcelos.

Um comentário