Eu queria ser criança outra vez. Não por medo das responsabilidades, nem por medo das mudanças, muito menos por decepção pelo que me tornei.
Eu queria mesmo é ser criança. Pelo simples fato de ser livre, ingênuo, despreocupado.
Eu queria acordar amanhã, olhar pro lado e ver um quarto enfeitado, talvez alguns ursos, e uma cortina colorida. Mas eu queria mesmo é acorda com a voz da minha mãe me chamando, aquela voz singela, dizendo que o café estava pronto, pra eu me apressar, ir a aula, brincar. Mas não, nada é tão fácil.
Quando nós somos criança, somos tão ingênuos a ponto de querermos ser adultos, crescer parece algo tão incrível. Parece, apenas. Não que eu não goste de viver o hoje, muito pelo contrário, eu adoro esse mundo independente, onde eu decido meus passos, meus saltos, meus rodopios. Mas é que se tornou tão difícil viver nos dias atuais. Eu vejo a morte, a morte da felicidade. Eu vejo a essência indo embora com a água do chuveiro que evacua demasiadamente pelo ralo até um esgoto qualquer.
E o que mais estamos fazendo com nossa vida a não ser deixa-lá escorrer por um ralo qualquer, que nos leva a sentir saudades de sermos pequenas crianças?
Eu sou feito de gavetas...
Lembranças amassadas, vestígios de infância, peças usadas, dobradas, perfumadas, bagunçadas, profundas, escuras, trancadas.
Ser criança era esplêndido. E hoje eu sei que a lembrança da infância é o único sonho real que nos resta na fase madura da vida.
As lembranças da infância são incomparáveis, são experiencias desejadas e vividas, momentos de uma época das mais confortáveis, lembrar da infância nos dá estímulos de amor pra toda a vida.
Ser criança é ser sempre feliz, porque na infância não se pensa na felicidade. Já os adultos são quase sempre infelizes por motivo de viver a procura dela.
Na infância eu aprendi a compartilhar, aprendi a seguir as regras do jogo, aprendi a dizer não a violência, aprendi a arrumar a bagunça, aprendi a pedir perdão e a perdoar, respeitar os limites do outros sempre foi um grande aprendizado, aprendi a gostar de biscoito, leite, sofá e cobertor numa tarde de frio, a reparar nas maravilhas da vida, dar as mão e andar juntos, mas o mais importante, aprendi que o peixinho dourado, o hamster, o camundongo branco e até mesmo a sementinha do copinho plástico, todos morrem... inclusive nós.
Hoje procuro pegar alguns desses ensinamentos de infância e aplicar a vida atual. Quem é que não gostaria de ter numa tarde de frio um copo de leite, alguns biscoitos e uma coberta num sofá? E se os governos soubessem seguir as regras do jogo e arrumar a bagunça feita? E se lembrássemos que ao sair pelo mundo a melhor coisa é darmos as mãos e ficarmos juntos?
É necessário abrirmos os olhos, e percebermos que as coisas já estão dentro de nós a muito tempo, onde os sentimentos não precisam de motivos, nem os desejos de razão.
O importante é aproveitar o momento e aprender sua duração, pois a vida está nos olhos de quem souber ver.
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